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POR: BRUNO MANTOVANI DA CUNHA, biólogo especialista em ecologia e animais silvestres.

Desde muito pequeno, me lembro de apreciar a pesca e isto me conecta a duas grandes figuras importantes em minha vida: meu pai e meu padrinho.

Com eles, aprendi muito sobre o começo da pesca, que era uma pesca predatória, sem muita preocupação com a conservação.

Atualmente, com minha formação acadêmica em Biologia, e a vinda para os Estados Unidos, vejo a importância do pesque e solte e como isso reflete na economia local. 

Pesca esportiva nos Estados Unidos

A pesca esportiva movimenta bilhões de dólares ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos, a pesca esportiva é uma indústria monstruosa que movimenta 45 bilhões de dólares anuais em pesca recreativa, sendo um "hobby" bem comum entre a população.

Até em pequenos supermercados são encontrados variados produtos de pesca, desde iscas, anzóis, carretilhas, molinetes e varas de marcas renomadas. Até em lojas de conveniência e em postos de gasolinas há equipamentos para pesca, em caso de alguma emergência.

Pesca esportiva na economia americana

Em um mercado econômico tão aquecido e amplo, a pesca esportiva americana move várias cadeias dentro do mercado de trabalho. Essas diversas esferas estão presentes desde vendedores de equipamento de pesca, até venda de barcos, cursos para capitães, mecânicos e outros, em uma lista vasta que contribui para a economia do país.

Todos esses bilhões também são revertidos em pesquisas científicas, para que a população conheça os peixes esportivos, espécies e toda a sua cadeia produtiva, como também os tamanhos para soltura ou quantos indivíduos podem ser capturados por embarcação ou pescador.

Preservação da pesca esportiva nos Estados Unidos

No caso de os pesquisadores perceberem que o local não suporta mais a pesca extrativista de alguma espécie, somente a modalidade do pesque e solte é permitida, ou então a área é fechada para a pesca no geral, para a verificação e recuperação.

Parte do dinheiro das licenças de pesca é revertido em monitoramento, fiscalização de embarcações e em pesquisas científicas. Essas licenças são realizadas online ou em alguns mercados e lojas registradas, de uma maneira simples por residentes e visitantes, sendo diferentes para cada estado e territórios indígenas.

As especificações são divididas em água doce (“freshwater”) e água salgada (“saltwater”). Para algumas espécies ameaçadas, há restrições de captura e consumo, como tamanho mínimo, máximo e quantidade por pessoa, como também uma taxa anual adicional à licença.

A preservação do local garante a qualidade da pesca e consequentemente a manutenção da pesca esportiva. E todo sucesso do mercado da pesca dos Estados Unidos ocorre principalmente devido às políticas públicas de conservação e à rigorosidade das leis.

Como há consequências ao infringir essas leis, a população respeita e segue os protocolos, pelo menos na maioria das vezes, pois há uma conscientização para que a pesca se mantenha e continue movimentando a economia.

Dificuldades na pesca esportiva brasileira

O Brasil ainda está engatinhando por essas trilhas, já que vemos o tamanho do descaso com pesquisas científicas e com a fiscalização dos nossos rios e mares (LEMBRANDO QUE O BRASIL POSSUI O MAIOR RECURSO HÍDRICO CONTINENTAL DO MUNDO, COM UM DOS MAIORES LITORAIS).

Infelizmente, por isso, o pesque e solte acaba não apresentando a seriedade merecida para movimentar o mercado brasileiro.

Os pescadores esportivos são extremamente importantes para a manutenção da pesca no país e há uma urgente necessidade de divulgação de técnicas sérias de manuseio, sem prejudicar os peixes e o meio ambiente.

Se esses pescadores estiverem instruídos e certos de todo o poder que essa modalidade pode ter em uma região, podemos forçar os poderes públicos a preservar os corpos d’águas e com isso termos mais opções de pescas em lugares mais próximos de casa e sem gastar grandes fortunas para praticar o esporte.

Através dessa prática, a modalidade acaba ajudando a economia, conservação das espécies, ambiente e o lazer das famílias.

Há diversos exemplos que atrapalham a pesca brasileira, porém, em especial: a não conscientização dos pecadores que levam para casa quantidades desnecessárias de peixes; e o desrespeito com o meio ambiente, poluindo as águas e solo, são fatos que só atrapalham a conservação e a população pesqueira das regiões afetadas.

Este caráter diferencia o pescador do predador e cada vez mais compromete o esporte.

Mais pesca esportiva para o futuro do Brasil 

Precisamos urgentemente mudar os hábitos predatórios, e juntamente com a conservação ambiental, formar novos pescadores esportivos com uma conscientização ecológica para as futuras gerações.

Só assim a pesca esportiva será levada a sério e incentivada pelos brasileiros para motivar o mercado econômico.

Que o sistema norte-americano seja a inspiração para o Brasil ampliar o seu mercado pesqueiro e melhorar a conservação das espécies. Caso contrário, com o tempo, todas as matanças desenfreadas presentes nas mídias sociais ao som de aplausos acabarão com a pesca esportiva no país, e o esporte poderá estar fadado ao desaparecimento em um futuro muito próximo.

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